quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Depressão pós vestido

Quando o vi, não consegui evitar um sorriso. Veio-me à memória o dia e os dramas que o antecederam. Recordei as voltas que dei para o encontrar e satisfazer um desejo materno que, verdade seja dita, nunca partilhei. Olhando bem para ele, o vestido até nem era mau de todo e apesar de não ter sido aquele vermelho pelo qual me apaixonei, até seria capaz de me fazer sentir uma princesa, se eu tivesse um osso de romantismo no meu corpo. Não resisti a pegar nele e, confesso, a vesti-lo novamente. E foi aqui que a porca torceu o rabo e foi por isso que entrei em profunda depressão, daquelas que só uma dose extra de chocolate, acompanhado por um gelado - que vendo bem foi o que esteve na origem de toda esta desgraça - conseguiria, quanto muito minimizar, que fazer desaparecer parece-me quase impossível. É que a &%#$ do vestido não me serve. Mas não é um não servir por pouco. Não entro nele a não ser que o rebente todo (que confesso foi algo que tive vontade de fazer no momento - e ainda tenho). O que significa que, em quase oito anos, não só aumentei de peso, mas alarguei (e aparentemente não foi pouco). Nada mais me restava que pegar nele, voltar a colocá-lo na caixa, fechá-la e fazê-la desaparecer da minha vista. E, quem sabe, começar uma dieta.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Irra!

Uma das coisas que mais me irrita - até nem sou uma pessoa facilmente irritável, mas esta tem-me acompanhado mais tempo do que gosto de admitir - é quando as pessoas que não me conhecem de lado nenhum e que comigo nunca trocaram mais do que meia dúzia de palavras, me carimbam, me catalogam, me classificam... É verdade que, quando gosto toda a gente percebe que assim é, sendo igualmente verdade o inverso, ou seja, quando não suporto alguém, não faço um esforço, não finjo uma simpatia que não existe, não esboços sorrisos cínicos (eu sei que o fiz há pouco tempo, mas foi a surpresa do momento que o fez acontecer), não dou respostas polidas por parecer bem. Há muito que me cansei de fazer vénias às aparências, de me juntar ao rebanho quando na realidade pertenço mesmo é a uma matilha. Não gosto de me dar a conhecer a quem não merece, de me misturar com quem não me desperta confiança, de perder tempo com quem nunca vou trocar mais do que um bom dia, boa tarde ou até amanhã. Se isto me torna menos 'simpática', menos sociável, menos digna de atenção, até nem me importa. O que me irrita mesmo é assumirem que me conhecem quando, na realidade, não fazem ideia de quem eu sou. Não sabem que gosto de sair, de passear, de rir, mas apenas com quem acho que vale a pena. Não sabem que sou esquecida, distraída, que sonho acordada, que sou viciada em chocolate, que não consigo resistir a um prato de massa, que adoro o cheiro e o barulho do crepitar da madeira no lume, que sou uma menina da mamã e que sempre o serei, que tenho medo da solidão... Não sabem que acho sempre que podia ter mais livros, que adoro os Marretas, que detesto conduzir... Não sabem e, se depender de mim, nunca vão saber. Porque há coisas que só quem gostamos podem e devem conhecer.

Está quase

Está quase. Quase, quase... O número de caixotes já reduziu drasticamente, as gavetas já estão cheias, os armários repletos, os papéis arrumados. Falta o calor humano, o barulho de uma casa cheia para quebrar o silêncio que ainda impera, os cheiros... Mas está quase.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Nem só de ruas ou asfalto, de estradas, de casas ou betão se faz o Google Street View. John Rafman, um artista canadiano, mostra isso mesmo com algumas imagens que as câmaras da Google captaram e que serviram de base a uma exposição.













quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A melhor actriz

Às vezes surpreendo-me com os meus dotes de actriz ou com a minha capacidade para ser dissimulada e cínica, diria alto e bom som a voz da minha consciência. Hoje cruzei-me com uma cara que faz parte de um passado que era suposto estar enterrado. Eu de um lado da rua, ele do outro, os nossos olhares encontraram-se e, por instantes, ainda pensei fingir que não via, olhar para o lado e seguir caminho. Ele não fez o mesmo. Chamou-me e lá nos cumprimentámos e trocámos as palavras do costume:
- "Por aqui? Há quanto tempo!"
- "Pois é. Tudo bem?"
- "Sim e contigo?"
- "Também."
Depois o silêncio constrangedor, aquele que, no meu caso queria mesmo dizer que não havia mais nada para falar. Aliás, nunca houve e aquela personagem estava bem era onde eu a tinha deixado, no fundo da memória, soterrada por montes de recordações transformadas em escombros. Mas consegui manter o sorriso, ainda que amarelado, quando aquilo que queria mesmo era fugir. Consegui fazer um ar simpático q.b., cordial, bem diferente das palavras amargas que lhe costumava dirigir que, quase de certeza, ele se lembra bem. Eu lembro-me, dessas e de outras. E vou-me lembrar desta, quando encarnei o papel de simpática e fingi, fingi, fingi...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Pena...

Há pessoas que, por mais que lhes demos o benefício da dúvida, por mais que lhes ofereçamos oportunidades para mostrar que são decentes, acabam sempre por sucumbir à necessidade que têm de protagonismo. Acredito que deva estar-lhes no sangue e tenho pena. Tempos houve em que sentia raiva ou revolta, mas hoje o único sentimento que domina quando penso nestas pessoas é mesmo pena. Pena porque vão estar sempre sozinhas; pena porque são incapazes de partilhar os momentos simples com que nos brindam os amigos; pena, porque vão ser sempre, mas sempre... infelizes.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Nostalgia

Há coisas que, por mais que o tempo passe, nunca mudam. Ontem dei por mim a ouvir o Oceano Pacífico e a ter os mesmos arrepios de há 20 anos, quando religiosamente ouvia as mesmas músicas e o mesmo tom meloso da voz do João Chaves. Há coisas que nunca mudam e ainda bem.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Saldos! Saldos! Saldos!

A NASA está com saldos. Afinal, é a época deles. Uma grande oportunidade para os interessados em adquirir umas naves em segunda mão, mas bem conservadas e a metade do preço. www.elmundo.es/elmundo/2010/01/18/ciencia/1263811741.html

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Neve, onde estás?





Nós queixamo-nos com o frio, que estamos a tiritar, que o nariz está congelado, que os pés não aquecem e por aí fora. Mas frio a sério foi aquele que se fez sentir, em Julho de 1983, na Antárctida: - 89,2º. Por cá, sobretudo na zona de Lisboa, as temperaturas dos termómetros não baixaram o suficiente para no brindar, como quase em todo o resto do País, com um bocadinho de neve. Ohhhhh... Ainda não foi desta que os flocos nos caíram na cabeça ou que os bonecos de neve se ergueram nas ruas. Restam as imagens, da Lusa, que pelo menos a mim me sabem mesmo a pouco!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Medo = prazer


E finalmente fez-se luz. Já percebi o porquê do meu fascínio pelos filmes de terror (mas têm de ser daqueles que pregam mesmo altos sustos, que os manhosos com as motosserras e os corpos esquartejados já não dão pica) e a resposta surgiu sob a forma de estudo: os seres humanos gostam de sentir medo. Pode parecer um contra-senso, eu sei, mas são os especialistas que o garantem. Diz então quem sabe que quando há medo, o corpo reage e liberta dopamina, endorfina e adrenalina. Depois, quando percebe que o receio não é real pára e o montão de adrenalina libertado causa uma sensação de prazer e calma. E quanto mais horripilantes os momento, mais prazerosos se tornam, concluiu um estudo da Universidade da Califórnia.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Bonecos depressivos




É incrível como os desenhos animados de antigamente eram deprimentes. Não sei como é que a geração dos trinta e poucos não cresceu toda paranóica e com episódios depressivos. Eu até gostava muito do Marco, mas quem imaginou a história - que é para maior de 4 anos - do menino que passa o tempo que deveria estar a usar para jogar à bola e coisas do género à procura da mãe, com o seu macaquinho no ombro, sem nunca a conseguir encontrar... devia ter alguns (graves) problemas. Depois, há a Ana dos Cabelos Ruivos. Eu era grande fã, mas pensado bem - e depois de a ter revisto -, é mais um belo exemplo de uma depressão à espera de acontecer em qualquer puto que a veja: a menina ruiva, órfã, abandonada, que quando é finalmente adoptada vai parar a uma quinta com pessoas que queriam mesmo era... um rapaz.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Dar o corpo ao manifesto

Há quem não tenha limites quando se trata de dar o corpo ao manifesto. Este senhor que acima se apresenta chama-se Kevin Warwik, é cientista e acredita que os cyborgs são o futuro. Por isso, decidiu implantar um chip no próprio braço. Mas há mais. Não satisfeito, o investigador decidiu que, em breve, vai colocar um outro chip, mas desta feita no cérebro. O seu, está bom de ver.

Falta de jeito = agressividade

Mais palavras para quê? Estas bastam...

Dois estudos realizados em 2009 e publicados na revista Psychological Science comprovaram o que muitos já desconfiavam: que a falta de aptidão no trabalho pode justificar a agressividade de muitos chefes. Um dos trabalhos revela que 37% dos trabalhadores norte-americanos já foram humilhados e diminuídos pelo superior hierárquico o que acontece, muitas vezes, quando o dito cujo se sente ameaçado o que, por sua vez, pode estar associado à falta de jeito para a coisa.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Extras


Estou fascinada com os Extras. Eu sei, a série já tem uns anos, até já deu na televisão, mas não consigo parar de rir quando vejo o Ricky Gervais e companhia a fazer aquelas figuras que - e isto é que é verdadeiramente assustador - os figurantes fazem na vida real. Obrigada, Ricky por umas noites bem passadas!

Pequeno génio

Domina mais de mil palavras, é fascinado por temas como a reprodução de pinguins na Antárctida ou a história do Império Romano e dorme apenas quatro horas por noite. Chama-se Oscar, é britânico e tem.... dois anos. É aquilo que os especialistas chamam génio e, como tal, ultrapassou os 160 valores máximos existentes na escala do QI. Os pais tiveram a certeza de que o filho era diferente quando, depois de uma visita a um museu, o bebé disse: "Os romanos construíram o templo de Cláudio". Nem imagino o que será ter um filho assim... Se já é difícil satisfazer a curiosidade de uma criança dita normal, que chama "toio" ao queijo e "ich" ao chocolate, que é fascinada pelos telefones (não consigo imaginar a quem é que ele sai) e consegue estar agarrado a um comando da televisão a ter uma conversa imaginária com um qualquer imaginário interlocutor, que identifica as marcas dos carros só pelo seu símbolo (coisa que eu não consigo fazer), que adora a Vila Moleza e é fã dos Little People (também conhecidos como Lite Pi), que não pode ver uma garrafa de tataia (Coca-Cola, na versão original) e que adora tocar guitarra, de preferência a do pai, cujas cordas dedilha como um verdadeiro profissional...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Olá, 2010

Mais um ano que acabou e outro que agora começa. É, com toda a certeza, apenas impressão minha, mas parece que o tempo passa cada vez mais depressa, que os dias, meses e anos se sucedem a uma velocidade estonteante, de tal forma que ainda agora parecia que 2009 tinha começado e já acabou. E foi um final que acabou por lhe fazer jus: calmo e relaxado. Longe vão os anos em que acordava no dia 01 sem saber como tinha chegado a casa, em que a noite começava cedo e acabava já o sol ia bem alto, em que a ressaca dominava o arranque do novo ano. Mudam-se os tempos, mudam-se as disposições e, atrevo-me mesmo a dizer, os temperamentos. Agora, sou mais calma e tranquila e pouco me seduz tanto como a pacatez do lar, as paredes e caras tão familiares, a mesa farta, o aconchego da família e as brincadeiras, cada vez mais divertidas do G.
É tempo para dizer: seja bem vindo, 2010 e que nos traga tudo aquilo que merecemos!