segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Tempo, não voltes para trás... Mas por favor abranda

Os dias repetem-se no calendário. Uns a seguir aos outros. Invariavelmente. Tal como as horas, que se sucedem no relógio com a mesma cadência monótona. Nem mais depressa, nem mais devagar. Mas ainda assim nunca o tempo me pareceu passar tão depressa como agora.

Quando olho à minha volta, o tempo parece correr, frenético, numa convulsão vertiginosa que me põe a cabeça a andar à roda. Os ponteiros do relógio não mudaram o seu ritmo, mas ainda que o seu movimento se mantenha compassado, a verdade é que tudo mudou.

Parece que fechei os olhos ao som do agudo de um bebé e os abri para ouvir o discurso composto de um menino. Da total e completa dependência, que me garantia atenção e me encarregava de tudo controlar, enfrento agora uma independência que, se por um lado me fascina, me deixa totalmente aterrada.

E quando olho para aquela pequena criatura, que se prepara para ir, pela primeira vez, à festa de anos de um amigo de igual tamanho, quando o vejo fazer tudo sem a ajuda que antes me dava o papel principal na sua existência, confirmo que o tempo passa mesmo depressa.

Isto deve ser o que chamam crescer... E que bom é vê-lo crescer! Mas só gostaria que o tempo abrandasse um bocadinho. Começo a ficar sem fôlego de tanto correr para o acompanhar.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Fu** You

Se calhar sou eu que sou antiquada. Ou excessivamente moralista. Ou, pronto, vou dizê-lo, velha. Mas mesmo sob pena de parecer um diácono Remédios de saias, aqui vai: não consigo compreender qual poderá ser o interesse de fazer uma música chamada Fuck You, que nos brinda, nos poucos (graças ao Senhor) minutos que dura, com fuck you para aqui, fuck you para ali, no fundo, fuck you para todo o lado. Eu tentei, a sério que sim. Despi-me de preconceitos, mandei para fora da janela entreaberta qualquer conservadorismo moralista que me pudesse toldar o discernimento, e ouvi a música até ao fim, apesar de ter pensado em mudar de estação várias vezes durante a mesma. E finda a dita maravilha, da autoria de Cee Lo Green, a minha opinião não mudou. Pois que continuei a pensar no porquê. O argumento da originalidade nem cabe aqui. Mesmo que Lily Allen não tivesse já sido autora de proeza idêntica, exemplos não faltam de musiquinhas que recorrem ao asneiredo. Percebi que o senhor Cee Lo Green estava frustrado com qualquer coisa, mas mesmo assim... E agora, sob pena de me transformar mesmo numa diácono Remédios, será que havia mesmo necessidade?

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Esperteza canina

Conheço um cão que, quando quer atravessar a estrada, não se lança, qual doido, para o meio da mesma, sob pena de por lá ficar para sempre. Não. Põe-se à beira da passadeira, espera e depois atravessa, com firmeza nas patinhas negras e a cabeça erguida com o orgulho de quem sabe que é por ali, por cima cima daquelas riscas brancas pintadas no chão, que se deve passar. Por isso, não compreendo como é que há tanta gente incapaz de fazer o mesmo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sleep tight, don't let the bed bugs bite

Quando não tenho nada para fazer, paro para pensar no que me rodeia. E quando isso acontece desejo sempre não o ter feito. Como hoje. Forçada pelo tédio, decidi ver uma galeria de imagens da Time sobre a bicharada que nos povoa a cama e que (felizmente) não conseguimos ver. Grande erro. Grande, grande erro.




sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Porque é que temos as pessoas por garantidas?

Às vezes temos as pessoas por garantidas. Achamos que, só porque estiveram ali a nossa vida inteira, nunca vão deixar de estar. Imaginamo-las como rochedos e nunca pensamos em como seria sem elas, até porque, como rochas que são, nem um abalo mais forte as poderia derrubar...
E mesmo quando somos confrontados com as suas fragilidades, forçados a olhá-las como as pessoas que são, mesmo assim continuamos a acreditar que tudo vai passar. Afinal, para onde é que podiam ir, se sempre estiveram ao nosso lado, ainda que fisicamente distantes? E pensamos: mas eu não quero que vá! E esperneamos, choramos, fazemos birras, como se isso fosse suficiente, como se a nossa vontade conseguisse atrasar o destino.
Porque é que temos as pessoas por garantidas? Porque é que pensamos sempre que o tempo que com elas tivemos foi pouco quando tantas vezes nada fazemos para o apreciar? Porque é que não queremos que vão quando pouco fizemos para que ficassem?   

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Animais no Metro




Confesso que, nas muitas voltas dadas pelo Metro de Lisboa, nunca parei para tentar identificar animais desenhados no mapa das linhas. Talvez porque a minha atenção é sempre desviada para a fauna que, não raras vezes, povoa as muitas carruagens. Mas um grupo de adeptos do Metro londrino decidiu fazê-lo e descobriu uma autêntica arca de Noé.
http://www.animalsontheunderground.com/

domingo, 12 de setembro de 2010

Três

E, de repente, já passaram três anos...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Parece um personagem de um qualquer filme de ficção científica, mas não é. Trata-se de um peixinho e foi eleito o mais feio do Mundo. Mas eu acho uma injustiça. O blobfish, vizinho do diabo das Tasmânia, até nem é assim tão feio...

domingo, 5 de setembro de 2010

Sou feliz

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

Alberto Caeiro

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Volta, Daniel LaRusso

Os remakes até podem estar na moda, mas há coisas que não voltam a ser como eram. É o caso do Karaté Kid. Esta novidade que nos chega agora protagonizada pelo filho do Will Smith bem pode ter o nome do original, mas por favor... querer comparar-se ao protagonizado pelo Ralph Macchio, que tinha bastante bom aspecto nos anos 80 (eu sei que o senhor não envelheceu como o vinho do Porto, mas também não se pode querer tudo!), toca a fronteira da ofensa. E quem é que não teve uma paixoneta pelo Daniel LaRusso, com a sua fita na cabeça? Quem é que não sonhou acordada ao som do Glory of Love, do Peter Cetera (ok, não é nenhum Beethoven, mas para a época alta das festas de garagem até nem era nada mau)? É caso para dizer: Oh,Jaden Smith, cresce e aparece!

A ferro, fogo e cerveja

Em Moçambique, o que começou por ser uma manifestação acabou em autêntica guerra campal. Os populares saíram à rua para protestar contra o aumento do custo de vida. As subidas anunciadas dos preços da energia, da água e do pão motivaram a revolta, que podemos compreender e com a qual até somos solidários, até porque por cá vontade não falta de fazer o mesmo.
A Lusa estava no terreno e dava conta de tudo o que se passava. Descreveu os carros incendiados, as estradas cortadas, as lojas pilhadas. Mais uma vez, até dá para compreender. Afinal, o pão ia ficar mais caro, o que justificava que os populares invadissem várias lojas, das quais a Lusa os viu «a sair carregados de caixas de cerveja mas também com refrigerantes e arroz». Pelo menos de uma coisa ficamos com a certeza: sede não vão ter de enfrentar nos próximos tempos.