domingo, 23 de dezembro de 2012

Desejos adiados

É Natal. Outra vez. O tempo corre e nós com ele. Por isso, este ano decidi ser diferente. E em vez da corrida para enviar os votos de Boas Festas antes de 25, decidi ir com calma. O que significa que, só para contrariar, votos meus, só mesmo depois do frenesim.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Washington DC



É um ponto de paragem obrigatória em Washington, segundo os guias para turistas. E com razão. O cemitério nacional de Arlington, na capital norte-americana, impressiona. Uma paisagem bucólica, a que os filmes já nos habituaram, mas que impressiona verdadeiramente. Isto apesar de ser um monumento à estupidez humana, ou não fossem os milhares de campas que ali se encontram resultado de guerras a que é difícil dar sentido. As lápides, brancas, alinhadas sem fim à vista numa geometria que tem tanto de bonito como de soturno, dão que pensar. Algumas só com os nomes, outras também com as datas - a de nascimento e morte do soldado que ali se encontra -, todas símbolo do efémero que é a vida humana. Não sei se é a minha tendência depressiva a falar, mas apesar de ter visto muito em Washington, Arlington foi mesmo o que mais me marcou.






Mas depois há mais. E para todos os gostos. Muitos ‘memorials’, como o da Marinha;




Ou da II Guerra Mundial;


Ou ainda o do Lincoln;





O obelisco impressiona pela sua altura;



E o Capitólio merece uma visita guiada (tudo gratuito);





Assim como o Museu do Ar e do Espaço, onde se pode encontrar um pedaço da Lua e a cápsula do Apolo 11;




Resumindo, vale a pena uma visita a Washington. Apesar das oito horas de voo, do tratamento como potenciais terroristas à chegada e da revista constante sempre que queremos entrar num edifício público, é uma cidade que deixa boas recordações.

 

 



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Parabéns

Não gosto de ser o centro das atenções. Nunca gostei e, à medida que o tempo passa e os anos pesam, gosto ainda menos. Mas claro que, como qualquer um, gosto que reconheçam o meu trabalho, gosto de saber que aquilo que faço toca alguém. Não é por isso que o faço, mas tornar-me o centro das atenções quando o motivo tem a ver com o que escrevo não sabe nada mal. E ainda que o prémio pouco importe, o reconhecimento, faz com que a dificuldades diárias se tornem mais fáceis de suportar. Pelo menos por um dia.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Ainda há pessoas simpáticas

Ainda há pessoas capazes de nos surpreender. E sem pedir nada em troca. Perdida numa zona da cidade que pouco ou nada conheço, pedi a quem passava indicações, na certeza que, num dia de chuva, poucos iriam parar. A D. Ana surpreendeu-me. Não só me deu a informação pretendida, como ainda se desviou do seu caminho para me levar ao destino. A chuva não a impediu. E nem a pressa de chegar a casa. E o meu dia, que até então parecia cinzento, como a cor da manhã, ficou mais colorido. Obrigada, D. Ana.

























segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Férias?

De férias há quatro dias e nos primeiros dois, a minha voz decidiu fazer greve. Acordar sem um pio é das coisas mais surreais que podem acontecer. E é do melhor para falar ao telefone. Ao terceiro dia, quando já começo a conseguir articular duas palavras, sou mordida por um cão. Hoje, à voz sexy, junta-se a perna manca. Estas férias prometem.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Notícia frescas e más


A televisão mostrava imagens dos vencedores portugueses de uma medalha de prata nas Olimpíadas, a alegria da família, o apoio de outros atletas. De olhos fixos no ecrã, G. iniciou a conversa:

- “O que é isto?”, perguntou.
- “É uma notícia sobre portugueses que venceram uma corrida e ganharam uma medalha”, respondi eu.
- “Mas isto é uma notícia?”, voltou ele a indagar.
- “Sim, é uma notícia.”
- “Pensava que as notícias eram só sobre coisas más!”, diz ele.
- “Não”, expliquei eu. “As notícias são sobre coisas boas e coisas más.”
- “A sério? Não sabia. Pensava mesmo que só davam as coisas más nas notícias.”

E pronto. A conversa acabava ali. Aquilo que eu não lhe disse é que ele até tinha razão. Até porque as coisas boas são cada vez mais raras e essas tendem a manter-se afastadas dos ecrãs da televisão.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Para todo o sempre

E pronto, já passou. Houve stresses? Sim, alguns. Houve atrasos? Também, ou não fossem da praxe. Houve lágrimas? Claro, como em qualquer casamento que se preze. Mas houve sobretudo gente bem disposta e bonita, gargalhadas, música e a alegria contagiante de alguém com quem já partilhei tanto, desde as mais físicas agressões (não me esqueço os puxões de cabelo ou a chuva de pancada proporcionada por umas mãos ainda bem pequeninas), algumas tristezas, muitas ansiedades e muita coisa boa.
No sábado, vi-te assumir um compromisso que, conhecendo-te como conheço, sei que é para sempre. E não consegui evitar as lágrimas. Chorei por te ver feliz. Ate porque, se alguém merece, esse alguém és tu. Parabéns, maninho! Muitos parabéns!

terça-feira, 31 de julho de 2012

Um desporto de posições estranhas

Nunca tinha parado muito tempo a pensar no judo. Mas os Jogos Olímpicos levaram-me a constatar que este é um desporto no mínimo estranho (in Lusa).




segunda-feira, 30 de julho de 2012

Irmão cão

Este fim-de-semana fiquei a saber que em vez de um filho, afinal tenho dois. O mais novo, de apenas um ano, tem quatro patas, um pelo que o aproxima de uma ovelha e uma personalidade cativante. E eu, que nunca tive um animal de estimação enquanto crescia, finalmente percebo o que os muitos estudos feitos sobre o impacto dos amigos de quatro patas nas crianças querem dizer. O Flapi é mais do que um cão. Para o G., ele é mesmo um irmão.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Adeus forçado


Há pessoas que nos tocam. Sem nos apercebermos, assim de mansinho, deixam a sua marca. E depois, só quando desaparecem é que damos pela força da sua presença. Hoje foi a despedida de uma destas pessoas. Não a conhecia bem, é um facto. Não partilhámos segredos ou trocámos confidências. Mas nem por isso a sua ausência foi menos sentida. Nem por isso a revolta que acompanha o adeus a alguém que tinha a vida pela frente esteve menos presente.
Para mim, foi mais um adeus forçado. Uma despedida que me trouxe à memória outras que, por mais que o calendário insista em mostrar que muito tempo passou, estão igualmente presentes.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Corpo dormente

São seis letras. Apenas seis. Uma palavra pequena. Mas ainda assim capaz de me deixar num estado de completa dormência. Parece que ando meia adormecida há mais de um mês, incapaz de me livrar desta sensação de angústia que, mesmo agora que a tempestade começa a afastar-se, me continua a ensombrar.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

As vantagens de uma audição selectiva



Aprendi a fazê-lo há alguns anos, mas nada melhor do que a prática para chegar à perfeição. Falo da capacidade que, posso dizê-lo com orgulho, me torna diferente da maioria (pelo menos da maioria dos que me rodeiam). Foi tudo uma questão de sobrevivência: ou aprendia a ignorar os sons que, cada vez mais elevados, me interrompiam os pensamentos e me cortavam a concentração, ou enlouquecia. Preferi a primeira, já que tentar falar ao telefone debaixo da mesa, para conseguir estar atenta ao que dizia o interlocutor, era coisa que não dava mesmo jeito nenhum. Por isso, habituei-me a ignorar o barulho ambiente. Hoje nem uma televisão em altos berros ao meu lado, ou conversas cruzadas em meu redor ou até mesmo um alarme que não pára são capazes de me interromper a concentração. Ok, é um facto que isto também tem os seus contras. São frequentes os sustos que apanho (agradeço à força do meu coração, que apesar de bater mais depressa – e às vezes descompassado – ainda não parou), assim como é também comum andar a leste do paraíso. Ou seja, não saber das novidades ou boatos mais recentes. É um preço que estou disposta a pagar por ser especial. Sim, porque para aqueles que já pensam em chamar-me de convencida, isto é mesmo uma proeza. Tanto que até os investigadores decidiram debruçar-se sobre esta capacidade de alguns (como eu), que têm audição selectiva. Um estudo publicada na revista Nature.

Espinha ou Espanha?

Hoje reparei que Espanha e espinha só diferem numa letra. Mas com estas coisas da crise e das finanças, podem ambas ficar-nos atravessadas.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Pipocas até cair

Estou cansada de comer pipocas. Estou farta. Não quero mais. Já nem as posso ver. Mas como se tivesse vontade própria, a minha mão continua a mergulhar na tigela laranja e a levar à boca duas ou mais pipocas de cada vez. Alguém devia estudar este fenómeno: porque é que há coisas que claramente nos cansam, mas das quais não conseguimos abdicar?

quinta-feira, 8 de março de 2012

A vantagem de comer macacos

“... o doutor Friedrich Bischinger, especialista em pulmões que vive em Innsbruck, na Áustria afirma que meter o dedo no nariz é realmente benéfico, porque ajuda a limpar partículas indesejáveis que não conseguiríamos eliminar ao assoarmo-nos com o lenço. Bischinger até acha boa ideia englor a «recolha» do nariz, por considerar que este processo fortalece o sistema imunológico, porque o expõe a invasores que ele precisa de conhecer melhor (para o caso de eles aparecerem em massa algum dia).”

In Os Segredos das Pessoas que nunca ficam Doentes

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Nevar ou não nevar, essa é a questão

De que adianta estar tanto frio, suportar as autênticas chicotadas do vento gelado, olhar para as temperaturas e vê-las abaixo de zero, se depois a Serra da Estrela está vestida de verde? Neve, eu quero neve. Vá lá, só um bocadinho.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Eu quero greve todos os dias

Os jornais e televisão andavam a anunciá-lo há vários dias: os transportes hoje iam estar parados. As greves não costumam afectar-me, até porque o carro era o meu transporte de eleição. Mas agora, utente que sou dos transportes públicos, juntei a minha voz ao coro dos que compreendem, mas não acreditam que o raio dos transportes vai parar outra vez.
Já estava a imaginar o cenário: um comboio por hora, apinhado até mais não, dando um novo significado à expressão "sardinha em lata"; a inevitabilidade de ter o nariz encostado a um qualquer sovaco, a incapacidade de fugir aos germes alheios. Ou então, horas de espera na estação apenas para ter que rumar a casa, sem alternativa que não ver a greve através da TV.
Foi com este espírito que saí de casa nesta manhã fria de Fevereiro, mentalizada para o pior. Mas em vez disso, deparei-me com um comboio cuja pontualidade rivalizaria, sem qualquer vergonha, com a dos britânicos, quase totalmente vazio, em plena hora de ponta. Depois, uma paragem de autocarro vazia, tal como o transporte que por ela passou, igualmente pontual.
É caso para dizer: que pena que todos os dias não possam ser de greve!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O teste do psicopata


Tenho medo da loucura. Confesso-o sem vergonha, depois de alguns contactos com pessoas oficialmente consideradas ‘loucas’. Na minha memória vivem para sempre as recordações de uma visita a um hospital mental, onde vi de perto dezenas de pessoas perturbadas. E o que mais me marcou nem foi o que faziam ou como agiam, mas o facto de a maioria delas ser jovem. Tentei não pensar muito nisso, afastando a ideia como se esta fosse contagiosa. Porque não raras vezes dou por mim a ter atitudes pouco racionais e a pensar se não estarei a cair na espiral que levou tantos daqueles ao internamento compulsivo num espaço onde a dignidade humana é substituída por uma realidade alternativa.

Mas ainda assim a loucura atrai-me. Por isso, quando me caiu na secretária um livro sobre o tema, peguei nele de imediato. E depois de começar, foi impossível parar. Jon Ronson é jornalista e talvez por isso a sua forma de escrever me agrade tanto. O Teste do Psicopata que, segundo o seu autor, pretende ser uma investigação sobre psicopatas e a indústria da loucura, é simplesmente fascinante. E graças a ele acabei com toda e qualquer dúvida: não, não sou psicopata. Quanto muito, peco pelo oposto, o da extrema sensibilidade e incapacidade de racionalidade e frieza.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Muda de vida


Há pessoas a quem a vida ensina muito pouco. E nem a desculpa da idade (ou falta dela) serve para justificar a inexistência de pundonor no que ao trabalho diz respeito. Porque o brio por aquilo que se faz, quando não nasce connosco, cultiva-se. E quem não o consegue fazer, então o melhor mesmo será repensar a vidinha e, quem sabe, mudar de rumo. É como diz a música: “Muda de vida se tu não vives satisfeito. Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar”.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Concertação desconcertante

Ao ver as notícias dos últimos dias sobre a concertação social fico algo desconcertada: tiram-nos três dias de férias que até nem tínhamos pedido e cortam-nos as pontes, que desde sempre nos incentivaram a gozar, com o maior exemplo a partir do Governo, com as suas tolerâncias. Parece que, afinal, somos é preguiçosos e calões. Gozamos férias a mais (as que nos deram, está claro) e não deixamos escapar um feriado (aqueles que integram o calendário definido por quem? Sim, o Governo). Ou seja, estamos a ser castigados por aceitar o que nos foi dado. Graças ao acordo com a 'troika', que já justifica tudo, quase tanto como a crise, percebemos que somos um povo que gosta de gozar. Ou seja, que somos humanos. O que, nos tempos que correm, é mesmo uma falha gravíssima. Ser menos que uma máquina devia ser proibido por lei.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Vaquinhas do meu alento


Às vezes parece que moro a milhas de distância do trabalho, uma distância que parece interminável. Mas depois, quando saio de casa e vejo, do outro lado da rua, no tapete verde salpicado pelas flores amarelas que o sol nele insiste em pintar, duas vacas a pastar indiferentes aos carros que passam ao lado, percebo que vale a pena.
É muito bom viver no campo!  

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Listas, planos, resoluções

Este ano decidi mandar as listas à fava. Disse não aos planos para o ano novo, que nunca chego a cumprir, às resoluções, que nunca vão além disso, às promessas, nunca concretizadas. E depois disto tudo, eis que tropeço num estudo que afirma que, afinal, quem faz listas, planos ou resoluções tem mais probabilidade de os levar avante.