terça-feira, 24 de setembro de 2013

Uma super festa

A ideia era boa... em teoria. Fazer uma festa de aniversário com 6 putos de 6 anos nem parece ser assim tão complicado. Arranjam-se uns jogos, umas brincadeiras, uns doces e pronto. Três horas passam a correr, certo?! Mais ou menos. Os enfeites foram criados. O tema era super heróis e apesar do meu fraco desempenho nos trabalhos manuais, lá fiz uns copos;
uns chupas;
umas embalagens para as pipocas;
uma faixa, uma pinhata cheia de doces, uns posters, enfim, tudo a rigor. Inventámos uns jogos, a que demos o nome pomposo de missões para os apirantes a super heróis.
Em teoria, tudo controlado. Na prática... pois que não foi bem assim. Falhou um pormenor. É que os 6 putos de 6 anos têm ideias próprias, vontades próprias, que por acaso não estavam bem em sintonia com as dos adultos.
Para eles, foi pura diversão. Para mim, digamos que dei graças por apenas celebrarmos o aniversário uma vez por ano.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Chamamentos nocturnos

"Mãe!!!! Ó mãe!", chamou ele.
Olhei para o relógio, batiam as quatro da matina.
"Mãeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! Mãe!"
Vou ignorar, pensei eu, enquanto ele me chamava desalmadamente.
"Então? Mãeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee"
Levantei-me sempre com os olhos fechados. A tarefa dificultada pelo pontapé dado em não sei bem o quê.
"O que foi?", perguntei-lhe.
....
"O que querias?", voltei a perguntar.
"Jã não me lembro. Até amanhã". E virou-se para o outro lado.

É nestas alturas que eu constato a dimensão do amor de mãe. Amor que esteve seriamente ameaçado pela minha vontade de lhe sacudir o pó.

sábado, 14 de setembro de 2013

Borboletas no estômago

Sempre adorei os momentos que antecediam o regresso às aulas. As compras de novos cadernos, a escolha da mochila, os lápis, o cheiro a novo dos livros. Este ano esse cheiro voltou a encher-me a casa. E apesar de os livros não serem meus, ainda que não seja eu a embarcar nesta nova aventura, as borboletas regressaram ao meu estômago. Os seis anos fazem destas coisas. Seis anos! E parece que foi ontem que o estava a receber nos braços...

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

"As mães não se medem às mamadas"


Não dei de mamar ao meu filho. É um facto. Não o fiz por opção e sim por impossibilidade, mas isso até nem importa. Por isso gostei tanto do texto de opinião da Sofia Anjos publicado hoje no Público - "As mães não se medem às mamadas". Porque reconheci nele a indignação que sinto, resultado dos olhares - equivalente ao dedo espetado reprovador - que recebo quando digo que não amamentei.

"Dei de amamentar três meses. Isso coloca-me num meio-termo, não sou boa nem má, fico ali em purgatório matriarcal até decidirem que juízo dar a esta média. Contas feitas, quem amamenta seis meses é uma boa mamã, quem amamenta dois meses é uma mamã menos boazinha. As que ultrapassam os seis meses são profissionais e as que ultrapassam um ano são as minhas preferidas, são as mamãs prodígio.
Sou a favor da amamentação para quem o queira fazer, mas dá-me algum formigueiro toda a panóplia de dissertações que colocam a amamentação num pedestal como se isso definisse o tipo de mamã que vais ser.
Nunca vi nenhum cartaz a publicitar o Dia da Mãe com uma mulher de mamas de fora."

"Os benefícios são irrefutáveis - sinto a consciência mais levezinha por a minha bebé ter recebido o meu leite. Só que a questão da alimentação não se resume a amamentar seis meses um bebé com leite materno exclusivo para depois andarem toda a infância a anafá-lo a bolos. Cá as minhas mamas não vão ser bolas de Berlim. A verdade é que, passado o tempo dos fundamentalismos com o leite materno, os bebés tornam-se crianças pupilas da fila dos menus do McDonald's."

Quando for grande vou ser... chefe

- "Quando for grande vou comprar uma casa, um carro e o jogo dos Skylanders", diz ele, à beira dos 6 anos.
- "Mas sabes, para isso é preciso trabalhar muito", esclareço eu.
- "Não é preciso. É que quando for grande eu vou ser chefe. Por isso, não tenho que trabalhar muito mas vou ganhar muito mais."

E a conversa acabou ali, comigo sem capacidade de resposta.