quinta-feira, 31 de março de 2016

Vontade de ir à casa de banho


Parece que é de propósito: todas as vezes que vamos às compras, lá vem ele com a vontade de ir à casa de banho. E a maior parte das vezes para fazer o serviço número 2. Confesso que me irrita. E muito. E com razão, já que os WC públicos podem ser muita coisa, mas nada de bom.
Naquele dia não foi diferente. Estávamos na Fnac, a ver as novidades literárias, quando ele me informa que tem que ir à casa de banho. Saltou-me a tampa.
- É sempre a mesma coisa. Já viste que todas as vezes que saímos tu tens vontade de ir à casa de banho? Não há paciência!

Ele parou. Olhou para mim e, sempre sem perder a calma, respondeu:

- Eu gritei contigo? Por acaso falei-te mal ou chamei-te nomes?
- Não - disse eu, surpreendida com a pergunta. - Mas eu também não tem chamei nomes, não gritei ou tratei mal. Só que já estou num pouco cansada desta coisa de ir às casas de banho públicas.
- Olha, fala com o meu corpo. Isto é uma coisa natural e eu não posso evitar. Por isso, não sei o que te diga. Mas que estou cheio de vontade, estou.

Eu calei-me. Tive de me calar. É deprimente quando os argumentos dele, com apenas oito anos, me tiram o pio.

Colinho bom


- Ser bebé deve ser muito bom. Mesmo muito bom! - diz ele, logo após um grande suspiro.
- Ai sim? Porquê?
- Porque os bebés podem ter colo quando querem. Já eu... Estão sempre a dizer-me que sou muito velho para isso.
- O problema não é a idade, é o peso. - disse-lhe eu, desta feita sem ter que esticar a verdade. É que os 25 quilos que a balança assinala já deixam marca.
- Pois, isso é o que tu dizes. E sabes o que é que eu digo? Que tens que ficar em forma para poderes pegar em mim.

terça-feira, 15 de março de 2016

Cristas, a temporária

Depois do discurso da vitória de Assunção Cristas, nova líder CDS-PP, ele olha e vaticina, com toda a certeza de oito anos de muita atenção à política:

- Esta não dura um mês.

terça-feira, 8 de março de 2016

Autor de romances

Quando ele me disse que ia escrever um livro, pensei que este seria mais um projecto proporcional à vontade que costuma ter de fazer qualquer coisa que exija usar as mãos (ou seja, muito curto). Depois, explicou que ia contar a história de um menino, que era mago e ia estudar para uma escola de magia (qualquer coincidência com o Harry Potter, a sua mais recente obsessão, é pura realidade).
Não posso dizer que me tenha enganado. Mas a verdade é que, desta vez, me surpreendeu. O entusiasmo foi grande durante, sei lá, uma semana. Todos os dias se recolhia para escrever e é um facto que o rapaz escreveu algumas páginas do seu romance. Mas este, tal como muitos outros dos seus projectos, ficou inacabado.
Agora, voltou-se para a escrita cómica, com as histórias de um novo super-herói, o Homem Preto, que tem uma mão robótica e um desejo: livrar os mundo de três vilões. São eles, por esta ordem, Homem Aranha, Barack Obama e António Costa.