quarta-feira, 29 de junho de 2011

O primeiro passeio de veleiro... not

O céu estava azul. O mar calmo. No cais de embarque, com o seu mini colete salva-vidas já bem apertado, o G. esperava ansiosamente por entrar a bordo do 'Estou para ver'. Olhou para mim com uma ansiedade mal contida e eu pensei, com um orgulho desmedido, que o rapaz já não era mesmo um bebé. Claramente sai à mãe, veio-me de imediato à mente.

O capitão assumiu o seu posto e dirigiu-se às cerca de duas dezenas de pessoas que aguardavam pela oportunidade de ver Cascais a partir do mar.

"Isto não é nenhuma brincadeira", disse o ex-pescador. "Saber colocar o colete salva-vidas como deve ser pode fazer a diferença entre a vida e a morte", acrescentou. E continuou o seu discurso. Ao longo de cerca de quinze minutos, que mais pareceram duas horas, explicou o quão horrível pode ser a morte no mar, que morrer afogado não é pêra doce, que temos que ter cuidado com as rochas, para não morrer esmagado... Em cada fase, a palavra morte, usada como substantivo ou verbo, teve sempre lugar marcado.

O G. olhou para mim e gritou, com a força permitida pelos seus pequenos pulmões, um "não" aterrado. Eu esbocei um sorriso amarelo e fingi não ter percebido. Enfiei-lhe à pressa um doce na boca, na esperança de que se calasse. Sem resultado, Ele voltou a gritar, uma, duas, três vezes... "Eu não vou! ", dizia, quando o que queria mesmo dizer era: "não me deixes ir para a morte certa".

Conclusão: depois de me ter levantado às sete da manhã de um domingo, de ter andado a correr, em stresse, no dia destinado ao descanso, o que deveria ter sido o nosso primeiro passeio de barco a três acabou connosco em terra, a ver o barco desaparecer no horizonte.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Karma is a bitch

"Karma is a bitch!", dizia Earl, do alto da sua sabedoria.
E cada vez mais me convenço que assim é. "What goes around comes around."
Ou em bom português, cada um tem o que merece.

Ainda bem, mas...

"Pesquisas recentes mostram que nosso cérebro se engana quando sonha que uma casa na praia, um carro novo ou uma grande paixão nos deixariam mais satisfeitos. Mesmo sem nada disso, dizem os cientistas, estamos fadados à felicidade." 

Ainda assim, continuo a querer ganhar no Euromilhões.

sábado, 18 de junho de 2011

Aventuras no submundo da restauração

"Não como em restaurantes com casas-de-banho sujas. Não é difícil de perceber. Eles deixam-nos ver as casas-de-banho. Se o restaurante nem se preocupa em mudar o desodorizante do urinol ou em manter as toalhas e o chão limpos, imagine qual será o aspecto do frigorífico ou dos balcões de trabalho."

O conselho é do Anthony Bourdain, num livro que, confesso, tive medo de começar a ler. Agora, vejo-me incapaz de parar. E mesmo quando ele descreve as barbaridades que já viu nos bastidores de muitos restaurantes ou as alarvidades que muitos chefes fazem nos nossos pratos, eu consigo deixar de virar as páginas. Digamos apenas que daqui para a frente irei pensar duas vezes antes de ir comer fora. 

terça-feira, 14 de junho de 2011

That's all folks



É com orgulho que posso dizer que sobrevivemos a 1200 quilómetros de carro com um puto de 3 anos. Para além das 14 horas dentro de uma viatura, ainda enfrentámos com sucesso as mesmas 14 horas de músicas do Ruca, Serafim, Panda, Sponge Bob, 4 Amiguinhos e afins, vários (longos) minutos – senão horas – de perguntas como: “Falta muito?”, “Quando é que chegamos?”, “Estou farto de estar no carro!”, “Então não saímos daqui?”, as idas à casa de banho (ou arbustos, como preferirem)... Tudo isto para concretizar o sonho de ver os looney toons em pessoa.


O destino foi o Parque Warner, em Madrid. E para quem estiver a pensar fazer proeza idêntica, aqui ficam algumas dicas, aquelas que eu bem procurei antes de ir mas não consegui encontrar em lado nenhum.

- As portas do parque abrem às 10h00. Mas isso não significa acesso aos divertimentos. Quer apenas dizer que as pessoas podem entrar nas lojas e deixar lá o dinheiro, coisa fácil, de resto. É que são caríssimas! Quanto aos divertimentos, abrem às 11h00.

- Os personagens não estão sempre disponíveis. Ou seja, não andam pelo parque. Há horas marcadas para aparecerem e tirarem fotografias com quem quiser. Sem pagar nada. Depois, há outros aos quais apenas se tem acesso no interior das suas casas (o Bugs Bunny estava apenas na sua toca, o Daffy Duck no seu camarim e o Piu-Piu na casa da avozinha). Mas com estes, cada fotografia custa 14 euros.

- Confirma-se: não se pode levar nem comida, nem bebidas para o interior do parque. As mochilas e malas são mesmo revistadas. Mas há máquinas de venda de bebidas espalhadas por todo o lado. E depois de comprada uma garrafa, esta pode sempre ser enchida de novo nos bebedouros ou casas de banho.

- A comida é horrível. Mas são muitas as casas que a disponibilizam. Hambúrgueres, mais hambúrgueres, um frango plastificado, massa com apecto duvidoso... E cara, bastante cara...

- Pode entrar-se com o carrinho do bebé, que dá muito jeito, quanto mais não seja para levar as mochilas...

- Quanto à viagem até Madrid, faz-se bem de carro. Até à capital espanhola as estradas são óptimas, não se paga portagens e o combustível é 40 cêntimos por litro mais barato. Logo, nem sai muito caro. Mas cansa...

Resumindo e concluindo, vale a pena. Os sorrisos, as gargalhadas, os suspiros de emoção compensam todo o restante sofrimento.

domingo, 5 de junho de 2011

Abelhas, cola, mulheres

Os portugueses podem não ir votar, mas pelo menos (alguns) encontram formas bem imaginativas para não o fazer. Hoje, desde abelhas na mesa de voto, a cola na fechadura, sem esquecer o batalhão de mulheres... Tudo se fez para impedir o acesso às mesas de voto. E, afinal, até nem era preciso tanta coisa.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O amor é lindo... ou talvez não!

A Sábado tem esta semana uma peça que prova que os animais podem ser tão ou mais românticos que os outros animais, os ditos racionais. Desde pássaros que fazem serenatas, a golfinhos que dão presentes, tudo são suspiros amorosos, ais e uis de amor assolapado. Isto até chegar ao parágrafo que fala das relações amorosas dos ácaros. Saber que,

"na sua minúscula existência, ácaros vermelhos de veludo são dos mais criativos: desenham caminhos de seda e teias para as fêmeas seguirem.Se elas gostarem, e forem até ao fim do percurso, encontrarão um depósito de esperma sobre o qual se deverão sentar"

é informação que, pelo menos para mim, era dispensável. Nunca mais vou conseguir olhar da mesma maneira para a cama, o sofá ou a carpete!