segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Tempo, tempo

Submersa em trabalho e caixotes, fruto de uma mudança de casa que parece nunca mais chegar, sobra tempo para pouco. É pena que o tempo não seja como a plasticina, que não estique e encolha a belo prazer.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Perfeição materna

Ser uma mãe perfeita é o desejo, acho eu, de todas as progenitoras, pelo menos as dignas do nome. E para os miúdos norte-americanos, segundo o The Baby Website, que entrevistou três mil com idades entre os seis e os 15 anos, os ingredientes para o conseguir são simples:
1.º - ser uma fada do lar, daquelas que lavam e passam a ferro, que cozinham todas as refeições em menos de meia hora (não esquecendo os bolinhos) e deixam a casa num brinquinho;
2.º - deixar os putos ver toda a televisão que quiserem, à hora que suas excelências de palmo e meio o solicitarem;
3.º - estar disponível para as brincadeiras quando os pirralhos o desejarem, é claro, isto dentro e fora de casa;
4.º - não poupar os elogios.
Resumindo e concluindo: ser uma escrava da casa, não ter outros interesses para além dos filhos, não impor regras, não castigar... Ou seja, tudo aquilo que eu não sou e, mais do que garantido, nunca virei a ser. Desculpa, filho, mas no meio disto tudo, a única coisa que levas é brincadeiras que, concordo, nunca são demais e mimos, muitos mimos.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Vá de retro

Não tenho paciência para gente maldisposta, que descarrega as frutrações em cima dos outros. Já tive que lidar com mal-amados que chegue. Por isso digo: vá de retro maldisposto!

Mostra-me uma foto, dir-te-ei quem és

Uma imagem vale mais que mil palavras. Há muito que o ditado se tornou premissa de verdade. E foi a esta conclusão que chegou um grupo de investigadores da Sanoma State University, que analisou as fotografias que ilustram os perfis nas redes sociais. Para os cientistas, as fotos transmitem a nossa personalidade. Este é apenas um dos lados do trabalho dos investigadores, os mesmo que avançam ainda ser possível manipular as imagens para conseguir proveitos. Por exemplo, para os que querem parecer extrovertidos, o melhor mesmo é treinar uma pose energética e colocar na cara um sorriso, de preferência pouco amarelo. Já para os que gostariam de parecer o que não são, o conselho é vestir de forma diferente, o mesmo é dizer, pouco arrumadinha.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Mãozinhas para que vos quero

Não percebo qual o fascínio dos espanhóis com a masturbação. Primeiro, foi a notícia de que, no país vizinho, foi criado um curso que versa sobre o mesmo tema, para ensinar os jovens entre os 14 e os 17 anos, o que, escusado será dizer, deixou muitos paizinhos exaltados. Agora, o El Mundo descobriu que, em 2000, a MTV censurou um videoclip do Enrique Iglesias em que o macho latino dava uso às mãozinhas (www.elmundo.es/elmundo/2009/11/16/cultura/1258390279.html).

A verdade do Espaço 1999


Afinal, o Espaço 1999 não estava tão errado como isso, apenas um pouco à frente. Ok, ainda não estamos instalados na lua, como estavam os habitantes da Moonbase Alpha, mas esta poderá vir a ser uma possibilidade real. Depois da descoberta recente da Nasa, que encontrou grandes quantidades de água no satélite natural da Terra, ganha nova força a criação de uma estação lunar. Mais uma vez, a realidade parece querer imitar a ficção.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Walk down memory lane


Gosto muito de fazer arrumações, aquelas que nos fazem remexer as gavetas fechadas há séculos e descobrir tesouros que nos levam em viagens pelas ruas da memória. Foi num destes momentos de súbita transformação em fada do lar que encontrei o meu primeiro diário. Tinha oito anos, andava na 3.ª classe e as páginas, que o passar dos anos tingiu de amarelo, revelam outras épocas: os tempos da Janela Mágica, do Regresso e Vingança; tempos em que tudo parava para ver o Natal dos Hospitais; em que os Jogos sem Fronteiras nos faziam roer as unhas e torcer por Portugal com um patriotismo que já não se usa. Confirmei que já então gostava de escrever, ainda que o meu forte na altura não fosse a eloquência; que nunca gostei do Carnaval, nem mesmo daquele em que me mascarei de Minnie, com a saia às bolinhas e as coulottes; descobri que, há 20 anos, não gostava de peixe, iguaria que teve direito a uma entrada de uma página no diário e percebi que há muitos momentos que a memória apagou, como aquele Natal em que recebi um livro com a história do D. Quixote. Anos depois, as brincadeiras deram lugar aos amigos por correspondência, que me faziam correr todos os dias para a caixa do correio, tanta era a ansiedade de receber as cartas vindas da Finlândia, Canadá ou Índia; aos centros de férias com os seus jogos de pista; às mesadas que não chegavam para pagar as pilhas do Walkman ou o Clearasil; à tristeza pela morte da Milau, a cadela dos meus avós. Mais tarde ainda, as brincadeiras com a Tucha deram lugar a preocupações do género: "será que ele gosta de mim?", às idas ao cinema mais para ver as vistas do que propriamente os filmes, às festas da escola que não perdia, apesar da proibição parental, aos amigos de quem nunca me consegui despedir... Como é bom fazer arrumações!

Chez Lulu



Quando tinha sete ou oito anos, o ponto máximo do meu dia era ver os desenhos animados ou brincar com as bonecas. Hoje, as miúdas com esta idade não perdem tempo com coisas tão infantis. Bem sei que os tempos são outros mas - e correndo o risco de cair num discurso que me torna velha -, não consegui evitar a surpresa ao ler um artigo que hoje se destacava no site do El Mundo. Dizia então a peça que, na hora de celebrar os aniversários, as miúdas libanesas já não convidam as amigas para um lanchinho em casa. Em vez disso, trajadas com os seus robes cor-de-rosa, a tonalidade das princesas dignas do nome, arranjam as unhas, tratam dos cabelos, dedicam-se aos tratamentos faciais, tudo isto enquanto discutem as suas séries preferidas. Ao que parece, os spas para crianças são o que está a dar e o jornal dá o exemplo do Chez Lulu, que recebe centenas de meninas todos os fins-de-semana. Confesso que fiquei intrigada e uma busca mais atenta encontrou, no site NowLebanon, uma imagem que mostra uma aspirante a princesa a tratar da sua imagem, que isto de ser princesa é coisa exigente. Eu sei que a grande maioria das mulheres, eu incluída, não resistiram, em criança, a experimentar o batom das mães ou a tentar o equilíbrio nos sapatos de saltos altos. Mas isto parece-me um pouco demais. E aqui volta uma vez mais o discurso de velha: que saudades dos tempos em que a única preocupação das miúdas era chegar a tempo da escola para ver a Kandy das Neves!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Plástico = gourmet




Quem é que nunca se rendeu à comida de plástico, como aquela que enche as máquinas estacionadas nos locais de trabalho, que atire a primeira pedra. Mas para os muitos que não têm outra alternativa senão os pacotinhos de batatas fritas, os chocolatinhos ou as sandes com recheio duvidoso, fica a ideia de que é possível transformar tudo isto em refeições gourmet. Pelo menos é o que garante Emilie Blatz, a designer responsável por transformações que mais parecem milagres. É verdade que, por cá, ainda não temos muitas das opções que existem nas máquinas internacionais, mas pelo menos fica-se com a certeza: ainda há esperança. Para ver em: http://www.core77.com/

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

I'm Luke

Hoje apetecia-me ser o Luke, ter cinco anos, e andar a passear no JCB do meu pai.

http://www.youtube.com/watch?v=k3WhQB7Hq0Q

Pretérito muito presente

Há capítulos que damos como encerrados, situações enterradas no mais fundo da nossa memória e que, por vezes, chegamos mesmo a duvidar que aconteceram, de tão distantes que parecem. Mas por vezes esse passado reaparece... E nem é preciso muito. Basta uma cara com que nos cruzamos que, de tão familiar, nos leva a desenterrar o que gostaríamos que tivesse ficado soterrado no fundo da pilha das recordações. Às vezes gostava de conseguir esquecer completamente, de apagar, de limpar, de erradicar essas lembranças que me fazem estremecer, que me remetem para uma mistura de emoções. Às saudades, sobretudo da pessoa que era, dos bons momentos, das escolhas tantas vezes levianas, pouco racionais, que é como todas deviam ser, junta-se a raiva, o medo, o alívio de me ter conseguido libertar. Ninguém disse que os encontros com o passado tinham que ser bons. Mas porque raio é que o pretérito tem de voltar a ser presente?

domingo, 8 de novembro de 2009

In teardrops we trust

Sou uma chorona. Isto é o mesmo que dizer que choro por tudo e por nada: choro nos filmes mais lamechas; choro no cúmulo da maior irritação; choro forçada pelas saudades; choro até quando estou mesmo muito feliz... Enfim, chorar é mesmo comigo. E de acordo com um estudo israelita, ainda bem que sou uma chorona. Diz a investigação 'Trust in a teardrop', levada a cabo pela Universidade de Tel Aviv, que as lágrimas reforçam vínculos interpessoais, funcionam como um pedido de ajuda e podem - isto é importante em tempos de guerra - amansar os inimigos. E a reportagem onde li esta constatação fantástica, pelo menos para mim, dá ainda a conhecer outras coisas. Por exemplo, que na Grécia Antiga chorar era permitido aos homens, mas não às mulheres, a quem cabia serem fortes e equilibradas. Mais tarde, no século XVIII, a época de todos os romantismos, chorar era permitido em público, já que o drama era o prato do dia. Nos tempos da Revolução Industrial, em pleno século XIX, as lágrimas podia rolar da face de homens e mulheres desde que de classes baixas - na das elites nunca!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Dormir como quem?

Sempre gostava de saber quem é que foi a alma iluminada que decidiu que 'dormir como um bebé' é o mesmo que ter uma boa noite de sono. Aposto que era alguém que não tinha filhos. Para si, inteligência suprema, fica o esclarecimento: a única coisa que 'dormir como um bebé' significa é acordar, na melhor das hipóteses, três ou quatro vezes por noite e levantar, num dia daqueles mesmo bons, lá pelas oito da matina.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Testes que nos testam

Parece-me mais ou menos consensual que não há ninguém que nos conheça melhor que nós mesmos. Sabemos os nossos segredos, ou não fôssemos nós a escondê-los de terceiros, os nossos medos, as vergonhas, os estados de espírito - estes mais difíceis de mascarar, principalmente que nos apetece fazer de alguém saco de pancada -, o que nos faz saltar de alegria, o que nos deprime, o que gostamos de comer, de ler, de ouvir... E ainda assim, dou por mim a perder tempo a fazer testes que não mais têm do que a pretensão de me dar a conhecer a minha personalidade. Este fenómeno, que dá pelo nome de quizzes do Facebook, é uma inesgotável fonte de sabedoria. Informa sobre tudo. Ele há os testes que, fruto de um conhecimento superior, vaticinam sobre o número de filhos que vamos ter; os que informam sobre a sorte que o dia nos reserva; passando pelos que nos dizem que estilo de música somos, que animal de estimação melhor nos descreve, o que diz o nosso dia, mês ou ano de aniversário. E por aí fora. O curioso disto tudo, para além da constatação do facto de que são muitas as vezes que não tenho mesmo nada para fazer, é que afinal não me conheço assim tão bem.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Contra o fim do Mundo

21 de Dezembro de 2012. A data ainda vem longe no calendário, mas pensado bem nem falta assim tanto - três anos, mais coisa menos coisa. É para isso que Patrick Geryl, um senhor de que, confesso, nunca tinha ouvido falar até ler uma reportagem muito interessante sobre o fim do Mundo, já se está a preparar. Tal como Noé, também este escritor de 54 anos tem uma espécie de arca, actualizada está claro, que os tempos das arcas de madeira já lá vão. Está a juntar amigos e provisões para ultrapassar o que diz ser o fim do Mundo - não percebi bem porque é que este senhor vai sobreviver, mas adiante. Fica então a questão: porque raio é que o Mundo vai acabar a 21 de Dezembro de 2012? Parece que tudo aponta nessa direcção, todos os desígnios cósmicos, todas as coincidências históricas e ainda todas as superstições tolas. À teoria de que a Terra vai ser destruída com o regresso do planeta Nibiru, em 2012, junta-se o facto de o calendário Maia, uma das grandes civilizações da antiguidade, terminar não mais que no dia 21 de Dezembro de 2012. E se estes senhores, especialistas que eram em astronomia, fecham as contas nessa data, então isso só pode significar que nada mais haverá para além dela. Faltavam aqui os adeptos de Nostradamus, conhecidos por se terem enganado com esta coisa do fim do mundinho e ainda uma série de especialistas que falam em tempestades solares, alinhamentos planetários, etc, etc, etc, tudo marcado para a mesma data: 21/12/12. E é aqui que entra agora o meu protesto: não concordo com a data. Não estou preparada para enfrentar o fim do Mundo para já. Tenho ainda muitas coisas marcadas na minha agenda, pelo que, senhores astrónomos, videntes e afins, revejam lá esses cálculos e mudem o dia do apocalipse.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pontapés no português

Não gosto de futebol. Podia fingir, dizer que sim, que é giro, interessante e gastar tantos outros adjectivos com o tema, mas não gosto e não consigo compreender o que leva 22 marmanjos - para além do dinheiro que, dirão muitos, é motivação suficiente - a correr tempos infinitos atrás de uma bola. No entanto, há algo de que gosto: de os ouvir falar. Se há coisa que nos consegue divertir, isso é ouvir um jogador, treinador e afim a tentar juntar palavras e formar uma frase com sentido. Aqui sim, são verdadeiros artistas, pelo menos na arte de pontapear a língua materna. Por isso, fartei-me de rir quando li as seguintes pérolas, enviadas à laia de provocação.

"A selecção não jogou nem bem, nem mal, antes pelo contrário" Gabriel Alves
"Existem muitos jogadores alemães a jogarem no campeonato germânico" idem
"O meu clube só tem uma cor: azul e branco" João Pinto, ex-jogador do FCP
"Clássico é clássico e vice-versa" Jardel
"Nestes jogos, sobe-me a naftalina" idem
"Jogar à defesa pode ser uma faca de dois legumes" Jaime Pacheco
"O processo de neutralização do jogador pertence ao forno interno do clube" Jorge Jesus

domingo, 1 de novembro de 2009

Fome

Nunca fui grande coisa para comer. Com a honrosa excepção dos doces, que comia como se não houvesse um amanhã, nunca apreciei verdadeiramente um bom prato e nem percebia a que é que as pessoas se referiam quando elogiavam uma refeição de peixe ou desfiavam um rol de adjectivos quando se referiam a um naco de carne. Sempre fui assim, desde pequenina. Por isso é que não consigo explicar o meu súbito interesse por comida. Parece que ando sempre com fome. Tenho fome quando me levanto, quando vejo comida na televisão, quando folheio uma revista e me deparo com uma mesa farta; tenho fome quando acabei de comer, quando na rua cheira a comida, quando me lembro da comida da minha mãe... Mas porque raio é que ando com tanta fome?