quarta-feira, 7 de abril de 2010

Nietzsche


Tinha nome de filósofo, esperteza de rato.
Adorava o sofá, qualquer um, sobretudo os que lhe estavam interditos. Afinal, também para ele, o proibido era sempre o mais apetecido.
Comia tudo... dos pedaços de bolacha que conseguia arrancar das mãos mais distraídas, aos caroços de maçã; dos lenços usados, impregnados com o cheiro dos que lhe eram queridos, aos nacos de carne que sobravam das refeições mais fartas, autênticos pedaços de céu que qualquer cão digno do nome é incapaz de resistir.
Gostava de correr, de sentir o vento nas orelhas, de ladrar ao carteiro e a todos os que, incautos, se atreviam a espreitar a casa alheia.
Era companhia mesmo quando o desejo era de solidão. Estava lá, nos momentos menos bons, disponível para receber e dar festas, daquelas que só ele era capaz. Esteve sempre nos momentos de alegria, pronto a celebrar e partilhar as euforias.
Era, mais do que um animal de estimação, um amigo, um companheiro... Era único. Era singular.

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