quinta-feira, 10 de junho de 2010

Perdão, arroz de polvo

Insultei-o sem dó nem piedade. Apontei-lhe o dedo acusatório, sem provas a não ser a certeza interior que me garantia que a culpa tinha sido dele. E apenas dele. Tudo para depois descobrir que a causa de todos os nosso males era outra. Por isso, a penitência é exigida e faz-se acompanhar pelo sincero pedido de desculpas ao arroz de polvo do Rocha. É verdade que os muitos vómitos, que as dores intensas, que iam da ponta dos cabelos à ponta dos dedos, que a febre que quase me levou ao delírio pareciam sintomas de uma intoxicação alimentar. E o arroz do almoço de domingo, com os seus pedaços de polvo, perfumado com os coentros picados, parecia o único suspeito provável. Pois que o médico repôs a verdade. A culpa foi de uma virose, que se espalhou como lume em erva seca, atingindo todos. As minhas desculpas, arroz de polvo. Mas mesmo assim, a verdade é que tão cedo não vais ter lugar em nenhum dos pratos cá de casa.

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