Foi duro. Quatro semanas depois da despedida, eis-me de regresso à mesma secretária empoeirada, junto ao mesmo computador que não conhece o significado da palavra rapidez, a lutar com a mesma impressora que insiste em engolir o papel... E é duro quando, na hora de sair de casa, o G., ainda com três anos, mas já a abraçar a autoridade dos quatro, me pergunta:
- "Onde vais?"
- "Trabalhar", respondo, crente de que a pergunta é reveladora de umas saudades incontroláveis.
- "Dois dias seguidos?", volta ele.
- "Sim", digo. "Sabes, eu trabalho todos os dias."
- "Mas não trabalhaste durante muito tempo", continua ele, sem vontade de se dar por vencido.
- "Pois... a isso chamam-se férias. E já acabaram."
O olhar pensativo dá lugar a um encolher de ombros. E depois, a resposta, que põe um ponto final na conversa.
"Que pena... para ti!"
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