terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Se dizes pois outra vez arriscas-te a ficar sem dentes

Uma ida às Finanças é o que muitos mais temem e com razão, digo eu, fruto da experiência (felizmente que não muito profunda) no assunto. E a deslocação programada para a manhã de amanhã promete ser das boas, primeiro porque a minha paciência para com os senhores funcionários públicos que se comportam como donos dos serviços onde trabalham já vai sendo pouca e depois porque estou cansada de ser tratada com paternalismo, o mesmo é dizer, como uma débil mental por gente que mal sabe ligar um computador.
O meu drama tem a ver com o pedido de isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis, o já famoso (pelo menos lá em casa) IMI. Depois de feita a escritura da casa foi-nos dito que teríamos que fazer o tal pedido nos 60 dias seguintes. Nem dois esperei para o fazer, através do Portal das Finanças, aquele espaço cibernético criado, dizem eles, para nos facilitar a vida. Preenchi o que pediam e submeti o pedido. Depois, seguiu-se a espera. Nos entretantos, as tentativas de perceber o que se passava davam conta que se aguardava por um despacho, também já famoso lá em casa. Dois meses depois e como não havia sinal do dito cujo, liguei para o serviço de Finanças da minha zona. Ultrapassada que foi a dificuldade em atender o telefone - sim, porque os senhores das Finanças têm mais que fazer do que atender os contribuintes -, lá me passaram a um cavalheiro, com quem mantive a verdadeira conversa da treta.
- Podia informar-me o que se passa com este processo? - pedi eu, gentilmente.
- Pois, faltam entregar vários documentos. Deviam ter vindo cá.
- Mas fiz tudo através da internet e não havia qualquer referência à entrega de papéis - respondi eu, ainda calma.
- Pois... Não sabia dos papéis porque não veio cá.
- Mas (e aqui a paciência começava a fugir) se é possível tratar das coisas através da net é para evitar termos que nos deslocar. Certo?
- Pois...
- Então e agora?
- Agora tem que vir cá entregar os papéis. E tem que o fazer antes que passem os 60 dias.
- Mas os 60 dias já passaram! - a paciência aqui já tinha emigrado para outras paragens e a minha vontade era mesmo bater no homem.
- Pois... Então paga multa.
- Mas eu submeti o pedido antes do fim do prazo.
- Pois... devia ter cá vindo.
Confesso que aqui desisti. Agradeci (não sei bem o quê) e desliguei. Amanhã, espera-me um encontro pessoal com o senhor funcionário público, que muito provavelmente vai acabar mal.

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