quarta-feira, 17 de março de 2010

Novo olhar sobre a cidade

As ruas da cidade, que calcorreei vezes sem conta em autênticas maratonas que mais não eram do que a rotina diária, pareceram-me diferentes hoje. Os pombos que enchem as praças estavam no mesmo sítio; o casal que há anos acampa à porta da Procuradoria mantinha-se no mesmo local; as lojas que antes conhecia bem não mudaram de ramo; a lengalenga dos cegos no metro mantém-se igual, assim como o barulho das bengalas a bater no metal frio... Ainda assim, os edifícios, os carros, as cores, os cheiros ou as pessoas não eram os mesmos. Perdi-me no meio de uma confusão que nunca me confundiu. A cabeça andou à roda, como se fosse a primeira vez que a visse, como se nunca tivesse pisado aquelas calçadas, atravessado aquelas estradas ou ouvido as buzinas dos muitos carros que as percorrem. Só depois percebi que não foi a cidade que mudou, mas sim eu. Já não sou igual e, por isso, tudo me parece diferente.

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